A Sintonia no Crescimento do Reino

                        
                     
                 Pensando sobre a sintonia, o terceiro verso que diz sobre esta relação estabelecida entre observador e observado. A Construção de uma unidade pressupõe esta característica, o combatente demonstra com experiências o que entende por sintonia.
                      "No decurso da minha vida, se é que posso chamar assim, busquei compreender a ligação entre centralidade em Cristo e unidade da Igreja, percebi o óbvio, um direciona o outro e por um elo tão forte estão interligados. A grande ideia de tudo isso é manter a sintonia entre a cabeça e o corpo, na exata expressão bíblica. Uma  das grandes definições ao termo é acordo, um acerto entre as partes envolvidas na negociação, uma comunhão na forma de pensar pelo bem de ambos. Me recordo muito bem, meu discipulador com ênfase afirmando a necessidade de comunhão entre os irmãos, me recordo que ao observar o tratamento dos amados percebia o que estava por trás de seus olhos, era como um dom, perceber a real intenção daquelas mãos apertadas e daqueles sorrisos em um culto de Santa Ceia. A memória da Cruz me fazia pensar no seu formato, sua haste horizontal para mim era a ligação dos santos, as mãos perfuradas do Cristo ligando uma ponta a outra na minha mente religava a ideia de acordo, a necessidade de sintonia e bom relacionamento horizontal, amando os outros como a mim mesmo, meu pensamento era ligeiramente dominado pela confiança nas palavras dirigidas aos Romanos pelo apóstolo Paulo, no capítulo 12 e no versículo 10 de sua carta:
          
                      "Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios".

                       
                       A expressão que me faz refletir desde os tempos em que me batizei é "uns aos outros". Ao que me parece, o interesse do Senhor é sempre promover a comunhão entre os amados. Esta mesma expressão fala de todos, da necessidade de estabelecer como um auxílio, um ajudante, um convivente que é aquele que compartilha a vida. Um certo jovem havia sido assaltado nas ruas de uma cidade em seu país, após ter seus pertences levados pelos bandidos, foi espancado até ficar à beira da morte, seu sangue ia sendo derramado na calçada de uma rua não muito movimentada daquela cidade. Logo apareceu um sacerdote que estava de caminho por ali, não deu outra, tirou seu aparelho celular do bolso e começou a filmar o absurdo que fizeram com o rapaz, "como pode uma coisa desta", dizia ele, "em pleno Estado Democrático de Direito"... Em seguida, não muitos tempo depois, um levita, da igreja Jesus quer o Seu Coração, no caminho inverso ao do Sacerdote, mas na comunhão de hipocrisias resolveu saber o que havia motivado aquela aglomeração de pessoas que estava a observar, não deu outra, perguntou o nome do rapaz, ato contínuo fez a promessa de levantar uma campanha por ele, saindo logo em seguida. Quando soube do ocorrido fiquei me perguntando se estes haviam entendido a Mensagem: "uns pelos outros". Foi quando apareceu o ilustre desconhecido, com seu carrinho que mais parecia uma máquina de fazer barulho, ao observar a cena pediu espaço, pegou o jovem no colo e num ato de desespero saiu com ele em seus braços na direção de um hospital, como o sistema público não funcionava em sua cidade, pagou de seu bolso todos os cuidados que eram necessários para aquele jovem, o visitou pelo período extenso de recuperação dele, cuidou como se seu filho fosse e por fim, sumiu, sem dizer quem era e nem o que queria em troca, apenas foi. Nos meus dias de serviço no quartel muito pensei sobre este fato, que reforçou minha tese, uma mão atravessada por um cravo de um lado mostrando uma humanidade e do outro lado da haste horizontal estava a outra mão, derramando sangue por estar furada por outro cravo e o ensinamento de que há uma necessidade profunda de sintonia daqueles que levantam o nome de Cristo na terra, comunhão, Jesus poderia ter detonado seus opositores e aqueles que o crucificaram, porém, resolveu morrer por eles. Amem "uns aos outros", cuidem "uns dos outros", ensinem "uns aos outros", favoreçam o crescimento  "uns dos outros", estejam em comunhão  "uns com outros", sintonia  "uns com outros".
                 Uma segunda e brilhante definição que encontrei na minha vida para sintonia é a similitude no sentir e no pensar. A incoerência do mero discurso religioso reside na capacidade de portar a mente de Cristo, mas não pensar como ELE, foi quando comecei a pensar na haste vertical da Cruz, na necessidade de sintonia dos pensamentos com aquele que é o Cabeça. Uma mulher é acusada no meio da multidão eufórica, seus acusadores demonstram que há um veredicto determinado para sua transgressão e a jogam aos pés de Jesus, logo pensei, não tinha um lugar melhor para estar no momento. O Juiz da causa não a condenou a morte, concedeu perdão dos seus pecados levando todos a pensar como ELE. Duas mudanças ocorreram ali, a primeira foi olhar nos olhos de todos, após um tempo em silêncio e dizer: " Quem é ficha limpa, que dê o primeiro tiro". O intrigante foi ver todos irem embora sem nada fazerem, abruptamente a euforia foi embora e todos passaram a pensar a situação com os olhos da alteridade, no sentido de se colocar no lugar do outro, da compaixão. O pensamento dEle não pode ser suprimido pelo "achismo", as divergências precisam ser levadas a uma proposta de acordo, se há uma regra de fé, é necessário estabelecer nela os motivos do nosso pensar e agir. Muitas foram as vezes que ouvi que os pensamentos em contrário são inimigos, cautela, o contraditório forma um convencimento mais preciso sobre determinado assunto, o saber se constrói assim, porém, há uma extrema necessidade de que cada pensamento, cada planejamento, tenha respaldo nas palavras do Eterno e que haja semelhança precisa com os pensamentos dEle. A segunda foi olhar para aquela mulher e mudar sua forma de pensar a vida dizendo a ela que poderia ir, mas que não cometesse mais pecado, o que parece impossível, mostra que além da busca pelo acerto, o motivo precisa ser nobre, agradar a Deus acima de tudo, o abandono da velha vida por uma nova história de sintonia com Cristo e seus mandamentos.
                       
                Tenho muito a falar sobre a sintonia, o que estava por trás daquele terceiro verso escrito no poema que abre este blog, são intensas as reflexões sobre o pensamento de Cristo e o pensamento da igreja. Fica aqui este registro, é hora de entrar em coerência com o discursonobre". momento propício para colocar em prática os ensinamentos que acreditamos ser essenciais para a boa convivência e solidificação da fé no Mestre Jesus, pois a pior heresia é uma vida totalmente diferente daquilo que se fala nos palanques e púlpitos, minha velha mãe dizia que a melhor forma de ajudar as pessoas é ensiná-las a pensar, tomado por ousadia, vou além, é ensinando que o discurso precisa ser prático, precisa ser algo realizável sob pena de ser inútil, é mostrando que o que as pessoas esperam ver é atitudes coerentes com as belas palavras, pensar é essencial, exteriorizar isso é muito importante, fazer disso uma forma de mudar o mundo é uma missão nobre".

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