Olá meus amigos, que a Paz de Cristo seja com vocês. Hoje quero compartilhar um texto que foi discurso do nosso amigo Manoel Oliveira no evento Música, Flores e Poesias da Igreja Batista Independente do Valparaíso/GO, em 23 de Setembro de 2017.
Gostaria
de cumprimentá-los cordialmente na Graça e na Paz do Senhor Jesus Cristo,
I.
INTRODUÇÃO
Nenhuma
palavra que eu diga neste momento é suficiente a declarar o sentimento que me
preenche ao chegar a este momento, cumprindo e honrando um belo convite de uma
igreja amada. Carrego comigo algumas crenças pessoais que dão sentido aos meus
passos, que inviabilizam dúvidas paralisadoras de sonhos, peço inicialmente
desculpas quanto a esta elevada pretensão de sanar uma leve e indiscreta
omissão, a vida não tem um manual de instruções. E quem disse que mente de
poeta resiste a uma oportunidade de criar? Peço que relevem a insensatez deste
que vos fala, minha atitude é fruto das seis décadas e meia de vida na presença
da mente mais brilhante do universo.
II.
O
AMOR
Creio
com todas as minhas forças no amor, ainda que não o veja materializado no
mundo. Aprendi no transcurso da vida que o fim dos meus dias deveria
necessariamente chegar e me encontrar na presença do Bom Mestre, mas poucas
foram as vezes que me disseram algo sobre como viver os dias e anos precedentes
a este fim. Ecoa nos séculos a sentença de que o amor de muitos se esfriaria,
embora não houvesse qualquer comentário sobre como isso se daria. A minha
percepção diz que o seu abraço em sua mãe antes de sair de casa hoje fez falta
como o alimento faz aos que moram nas ruas. Sua mãe não existe mais? O amor é
um único capaz de trazer pessoas novamente a existência, torna as pessoas
importantes, lembra que quem importa algo do exterior o faz para que este algo
venha para dentro? Quando o amor torna alguém importante, significa que aquele
que ama importou para dentro de si aquele que é amado, eis a fórmula da
imortalidade, amar até que se tornem importantes demais para serem esquecidos.
As
flores que surgem na primavera são lindas demais para serem usadas apenas em
velórios, o uso racional das belezas que brotam neste tempo devem ser
observados como uma chave que abre a porta da importância, pessoas importantes
são imunes aos tributos cobrados sobre as importações, o trânsito é livre no
interior de quem sabe o que é amor. Muitos não são todos, o amor a se esfriar
não precisa ser o seu. O mundo ainda precisa entender a essência do verbo, Deus
é amor e o amor é o verbo, no princípio era o verbo... Ser semelhante a Cristo
é amar sem reservas, dizia ele que não havia graça em amar pelos discursos,
aquele que mais simboliza o amor jamais disse em suas palavras que amava
alguém, não era pela inutilidade do discurso, mas pela relevância das atitudes.
Construíram uma ideia de que pensar em si mesmo é mais importante, o mundo está
atacando e a necessidade de se defender é imperiosa. O tempo não espera que
você pense ou planeje em amar alguém, é necessário entender que a primavera vem
e passa, a oportunidade de amar, geralmente, só vai.
Como
anda o amor? Nascido na cruz e morto em muitos pelos pecados. O Amor é a gênese
das virtudes do fruto do Espírito, produz um cristianismo minimalista reduzido
ou resumido no incondicional ÁGAPE.
É
preciso assumir uma nova postura, entender e desejar por perto as pessoas
importantes pelo que são. Paulo deixou explícito esta verdade ao dizer a
Timóteo que fosse ao seu encontro antes do Inverno, o tempo estava se findando
e os olhos do jovem Timóteo poderiam nunca mais ver a face de seu mentor.
Foi
pensando no Cristo, o Amor encarnado, que poetizei:
"Não houveram holofotes,
Mas a luz chegou ao mundo,
A profecia que se cumpre em um dia comum,
A escuridão que se calou ao brilho do seu
nascimento,
Sim, ELE
nasceu,
O verbo se conjugando na humanidade,
A curva na estrada que conduzia ao inferno,
O sentido da existência dos que se renderam,
O Deus encarnado;
Mesmo sendo Deus, resolveu nascer;
Mesmo sendo Deus, optou pela simplicidade;
Mesmo sendo Deus, se fez semelhante a nós;
Mesmo sendo Deus, resolveu habitar entre nós;
Os céus anunciaram, eis o Salvador do
Mundo;
Numa Manjedoura;
Sem luxo, sem companhia;
Da forma que ninguém imaginaria;
ELE veio;
Despido de apetrechos divinos, mas não de sua divindade;
Nas palavras de João;
Nasceu por um propósito "Tal";
Nasceu para a Morte, na Cruz;
Nasceu para mudar a história;
Nasceu por Você, para te dar uma chance;
Sua humanidade foi Divina;
Seu estilo de vida, irretocável;
Suas lições ecoam como um grito nos séculos;
Seus milagres foram detalhes;
Seus amigos foram os filhos do trovão;
Suas mensagens, um alvoroço na religiosidade;
Seu gesto foi a salvação da humanidade;
Ele foi, É e sempre será Deus Pai!!!"
Eis
a primeira regra do nosso manual: AME, o sentido de permanecer respirando tem
algo muito relacionado a isso, e se o mundo não for recíproco, não vire as
costas, lembre-se que quando gritaram para crucificar Jesus, na verdade estavam
pedindo socorro.
III.
O
PERDÃO
Acredito
no perdão como forma de viver o cristianismo. O Juspoeta Ayres Britto dizia: “Nossas rugas aumentam para que nossas
rusgas diminuam”.
Comprova-se
com muita facilidade que as memórias podem matar, basta imaginar que num
hipotético deslize da Eternidade alguém nasça com a séria deficiência de não
esquecer, um mutante travestido de ser humano que é capaz de lembrar de
absolutamente tudo, este não viveria por muito tempo e você ficou surpreso por
descobrir que só está vivo em razão de saber esquecer, até sorriu agora, sim,
eu leio pensamentos e havia avisado que escreveria um manual.
Cristo,
nosso exemplo, leva em si os pecados da humanidade inteira, para onde? Há uma
teoria que afirma a existência geográfica do chamado Mar do Esquecimento. Nas
últimas férias, pouco antes de me aposentar eu fui visitar este lugar
intrigante, um lugar em que as águas são semelhantes as do Rio Tietê; negras e
cheias de dejetos. O Lixo da alma está jogado naquele lugar, não há vegetação e
sequer o sol aparece sobre aquela localidade. Águas escuras de memórias da
violência sexual, do abuso infantil, da perda de entes queridos, da traição do
cônjuge, da perda de um filho no tiroteio na comunidade, memórias terríveis
concentradas em um lugar fechado, acesso restrito, pasmem vocês, pessoas estão
sendo jogadas dentro deste mar, se afogam em memórias e muitas não resistem,
fiquei observando de longe e me perguntando o que eu poderia fazer já que
estava tendo uma oportunidade única de visualizar aquela cena, foi então que
encontrei madeiras próximas dos barracos construídos nas proximidades,
fabriquei artesanalmente uma tinta branca, fiz uma placa bem simples e coloquei
na entrada que dá acesso ao mar: “Proibido
Pescar”. O que lá foi jogado, lá será desfeito, peguei meu aparelho
celular, daqueles antigos, afinal até mexer nisso eu já estava esquecendo,
liguei para Deus, cobrei explicações em razão de ver muitas pessoas se afogando
ali, ELE me disse que enviaria socorro a eles, apareceu uma equipe,
aproximadamente vinte pessoas, de colete e com bóias, correram ao meu encontro,
quando os vi, gritei: “Amigos!” Foi
quando eu descobri que a amizade é a forma mais recomendada de resgatar quem
está morrendo afogado em suas memórias ruins. A amizade é o perdão que o mundo
precisa conhecer, o Espírito Santo geme por reconciliações...
O
tempo é como a primavera, faz bem, mas você precisa aproveitar a oportunidade
para isso, é necessário entender o sentido da segunda face.
Por que Jesus teria falado em oferecer ao agressor a face esquerda depois que a direita foi atingida por uma bofetada? A resposta necessita da compreensão do contexto social, cultural e o comportamento corporal daquele tempo e lugar em que o Mestre vivia. Na antiga Palestina, um pobre escravo, diante de seu senhor, aguarda o momento de receber um violento tapa no rosto. Mas o seu “dono” não usará a mão esquerda, destinada (naquela mentalidade) apenas para as tarefas consideradas indignas. Usará a direita, para destacar o seu poder e superioridade. Desse modo, no entanto, jamais conseguiria atingir a face direita do escravo, a menos que lhe desse um soco ou usasse a palma da mão direita, e mesmo assim contorcendo-se ou virando o braço. Por que, perguntemos de novo, Jesus fala que a face direita (dextera maxilla) foi a primeira a ser atingida? Para atingir seu escravo na face direita, o senhor terá que usar as costas de sua mão direita, o que, naquele tempo, tinha também um sentido preciso. Agredir alguém com as costas da mão direita era um gesto próprio de quem ocupava uma posição social de relevo e queria humilhar o mais fraco. Assim, como que hierarquicamente, os senhores esbofeteavam os escravos; os maridos as mulheres e os professores os alunos. Era sempre com as costas da mão direita na face direita. A mensagem implícita, facilmente reconhecida pelo escravo, pela mulher, pelo filho e pelo aluno era a seguinte: “Submeta-se a mim! Veja com quem está falando! Fique no seu lugar!” Mas aqui ouvimos a recomendação de Jesus, mais revolucionária do que parecia à primeira vista: depois de receber o tapa na face direita, ofereça a face esquerda. E esse gesto surpreendente traz uma mensagem, a ser interpretada por aquele que bateu. E a mensagem é a seguinte: “Vamos, use de novo a mão direita, mostre sua dignidade e seu poder, mas agora você terá que me agredir na face esquerda, com um soco da sua mão direita ou com um tapa, usando a palma da sua mão direita, e dar um soco ou um tapa com a palma da mão (você bem sabe) só têm sentido entre pessoas que estão em pé de igualdade. Vamos, estamos em pé de igualdade. Examine isso: nós dois somos seres humanos. Esta é a dignidade que nos iguala. Veja a mentira em que se baseava o seu gesto violento, a sua arrogância. Você pensa que é superior a alguém? Será você superior a uma pessoa capaz de dominar-se e oferecer a outra face? Você se considera superior a uma pessoa que, oferecendo a outra face, oferece-lhe a oportunidade de pensar, de repensar seu comportamento?
No fundo, o homem de Nazaré não traz o perdão como mero esquecimento, mas como uma atitude capaz de fazer as pessoas repensarem a vida.
Eu e meus amigos tivemos a oportunidade de resgatar algumas pessoas nessa trajetória, uma vez que o Perdão é a oportunidade de permanecer vivo e sonhando com a Eternidade ao lado de Cristo, oportunize a Eternidade aos outros, perdoe quem você deve perdão, o mundo agradece.
É uma boa hora para finalizar meu singelo manual, até porque dizem que há uma maldição para quem fala além do previsto, Willian Henry Harrison entrou para a história dos Estados Unidos como aquele que proferiu o maior discurso de posse como presidente, isso em uma noite fria e tempestuosa em Washington, morreu um mês depois, uma gripe violenta o ceifou a vida, vírus adquirido naquela noite, creio que esta seja a maldição que recai sobre oradores que falam além do seu tempo.
IV. A FAMÍLIA
Encerro com minha terceira e última regra, até porque o número três é o meu predileto: Creio na família como forma de estabilização do Reino de Deus sobre a nossa sociedade. O reino a que pertencemos é familiar, não é a toa que Deus é pai. A nossa compreensão de família é que nos permitirá viver a integralidade do evangelho. Se entendermos nossa relação de irmãos, evidenciaremos as duas regras anteriores do nosso manual, será impossível a convivência sem amor e perdão.
Precisamos diariamente da consciência de que somos filhos de Deus, mas não somos únicos. Jamais podemos encarar a vida cristã como uma oportunidade de ser queridinho de Deus e com isso arrebentar as suas relações com as pessoas. Na família, nós dividimos as dores, as dívidas, algumas. Na família nós somos dotados do mesmo sangue, um elo afetuoso que torna possível a plena convivência. Já percebeu que você mora ou ama pessoas que disseram a você que são seus familiares? Quem prova isso? Algo dentro de você te dá segurança para acreditar que o sentimento mútuo de cuidado e carinho na família estabiliza as relações.
No Reino de Deus não é diferente, é extremamente necessário internalizar valores que corroborem a força da família de Deus, cristo é o exemplo, e por estas razões encerro citando o exemplo de irmão que devemos seguir:
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é
sobre todo o nome; para que ao nome de
Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da
terra, e toda a língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
V.
CONCLUSÃO
Com
estas pequenas considerações é que encerro esta pequena reflexão, obrigado pela
paciência e pelo convite, a vida e o Reino farão mais sentido a partir de hoje,
o que vivemos é a história de amor mais perfeita de todos os tempos, baseada em
fatos reais, um abraço e um grande beijo no coração da noiva de Cristo.
Por
Manoel Oliveira
Bibliografia:
[1] Gabriel Perissé. O Professor do Futuro, p. 33-34
[2] Discurso realizado pelo Ministro Luis Roberto Barroso como Paraninfo da Turma Guilherme Couto de Castro - UERJ, em 9 de Fevereiro de 2009. O texto é fruto de exposição oral, revisto pelo autor.
Bibliografia:
[1] Gabriel Perissé. O Professor do Futuro, p. 33-34
[2] Discurso realizado pelo Ministro Luis Roberto Barroso como Paraninfo da Turma Guilherme Couto de Castro - UERJ, em 9 de Fevereiro de 2009. O texto é fruto de exposição oral, revisto pelo autor.
Comentários
Postar um comentário